sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Alice no País das Maravilhas (1951) e a Cena do Dia: Encontrando o Mestre Gato

Uma das figuras mais célebres de Alice no Pais das Maravilhas (filme homenageado da semana) é o Mestre Gato. A Cena do Dia mostra justamente o encontro de Alice com o bichano mais estranho do cinema (confesso que tinha medo dele quando criança). Com seu sorriso lunar, seus poderes "mágicos" e seu humor peculiar, Mestre Gato é capaz de aprontar muita coisa só para se divertir. A cena de apresentação do gato com certeza é um show a parte (e o que dizer do mantra impronunciável que ele entoa?). Divirta-se com o encontro e o diálogo entre os dois personagens!

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Howard Hughes e sua cinebiografia

Título original: The Aviator
Lançamento: 2004
País: EUA
Direção: Martin Scorsese
Atores: Leonardo DiCaprio, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Cate Blanchett
Duração: 168 min
Gênero: Drama



Howard Hughes se notabilizou por diversos motivos: por seu trabalho como produtor e diretor de cinema, por seu exímio talento de aviador e por ser considerado, por muito tempo, um dos homens mais ricos do mundo. Hughes nasceu em 1905, no Texas, estado norte-americano. Sua carreira de produtor começou no final dos anos 20. Suas primeiras produções foram sucessos comerciais, com destaque para Dois Cavaleiros Árabes (1927), que ganhou o Oscar de Melhor Diretor (para Lewis Milestone). Hughes também produziu um grande clássico do cinema, o filme Scarface - A Vergonha de uma Nação (1932).

Em 1930, ele dirigiu seu primeiro filme, chamado Anjos do Inferno, com a bela Jean Harlow no papel principal. Nele, Hughes pôde reunir sua paixão pela aviação e seu amor pelo cinema. Durante a filmagem deste longa, aviadores profissionais se recusaram a fazer uma manobra arriscada em uma cena do filme. Não é para menos: três pilotos já haviam morrido nas filmagens. Hughes então decidiu fazer a manobra ele mesmo. Apesar de ter batido o avião, Hughes conseguiu filmar o que queria e sair são e salvo. Anjos do inferno, custou quase 4 milhões de dólares, sendo o filme mais caro a ser realizado até então. A produção não obteve nenhum lucro em seu lançamento. O segundo filme dirigido por Hughes, O proscrito (1943) teve inúmeros problemas com a censura, especialmente pela atenção que o filme dava ao busto da atriz Jane Russell (Hughes chegou a fabricar um soutien especial para atriz).

Hughes tem seu nome gravado na história da aviação: ele foi responsável pela quebra inúmeros recordes de velocidade. O milionário chegou a ter sua própria companhia aérea. Hughes também se tornou famoso por sua vida pessoal. Ele namorou ou teve affairs com muitas atrizes da Era de Ouro de Hollywood. Entre elas: Bette Davis, Ava Gardner, Olivia de Havilland, Katharine Hepburn, Ginger Rogers e Gene Tierney. Hughes morreu em 1976, aos 70 anos, a bordo de um avião (como não poderia deixar de ser). Sua morte foi decorrência de uma falência dos rins e desnutrição. Ao fim de sua vida, ele vivia recluso. Hughes sofria de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, cujos sintomas começaram a se fazer visíveis no início dos anos 30. 

A cinebiografia de Howard Hughes foi transposta para a telona por um dos maiores cineastas da atualidade, o grande Martin Scorsese. Scorsese é mestre em contar histórias de personagens “marginais” ou problemáticos. Muitos deles foram interpretados pelo seu maior astro, Robert de Niro. O diretor americano encontrou no jovem Leonardo DiCaprio, um novo protagonista e com ele já acumula diversos trabalhos, inclusive este O aviador. A estrela de Titanic (1997) não decepciona ao encarnar Hughes, com grande energia e sensibilidade. Versátil, perfeccionista, louco, brilhante, todas essas características estão presentes no Howard Hughes de Scorsese. O personagem vai adquirindo aos poucos contornos trágicos, já que passamos a ter acesso ao seu mundo de fobias, paranóias e compulsões, pulsões que ele não pode controlar.  E DiCaprio está impecável ao mostrar a gradativa decadência de seu personagem, ainda mais se levarmos em conta, o fato de ator ter de retratá-lo em diversas fases. 

Mas não é só de Leonardo DiCaprio que vive o longa. As atuações de Alan Alda, John C. Reilly, Noah Dietrich e de Cate Blanchett dão ainda mais brilho ao filme. Blanchett, em particular, faz um trabalho muito interessante e meticuloso ao interpretar a grande Katharine Hepburn. Por esta atuação, a atriz ganhou o Oscar de  atriz coadjuvante. Não se saindo tão bem quanto Blanchett, Kate Beckinsale não faz jus à diva Ava Gardner, numa atuação bem apagada. 

Um dos maiores êxitos do filme é sua fotografia (de Robert Richardson), direção de arte e figurino que, fenomenais, conseguem recriar a Hollywood dos anos 30 e 40. O preciosismo técnico de Scorsese faz com que o filme seja esteticamente deslumbrante. Além disso, Scorsese parece ter aproveitado a oportunidade de viver aquela época de ouro no cinema e nesse sentido, o filme não deixa de ser uma aula sobre uma parte importante da história da sétima arte. O roteiro de John Logan se vira muito bem ao contar mais de 30 anos de história, sem fazer com o filme torne-se muito episódico ou cansativo

Apesar de não se equiparar às melhores obras de Scorsese (Taxi Driver, O touro indomável, Os bons companheiros), O aviador é uma excelente cinebiografia, que com certeza está à altura do homem que a inspirou. 


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Alice no País das Maravilhas (1951) e a Cena do Dia: Festa de Desaniversário

Nesta semana o Clube do Filme homenageia Alice no País das Maravilhas, a animação de 1951. A segunda cena da semana é, sem dúvida, uma das mais divertidas do longa. Que criança não gostaria de ter uma festa de (des)aniversário todo dia? Por que comemorar somente a data de nascimento, sendo que existem mais 364 dias no ano? Lewis Carroll brinca com tudo isso e institui a Festa de Desaniversário. A Cena do Dia mostra Alice chegando no meio de uma dessas comemorações, encontrando o Chapeleiro Maluco (com a sua charmosa língua presa), a Lebre de Março e o Dormidongo (ligeiramente esquizofrênico), todos viciados em chá. Detalhe: a canção de desaniversário gruda mais na cabeça que o próprio "Parabéns pra você". Alice, mais uma vez, se vê numa situação completamente insana e, pelo comportamento dos três anfitriões, só nos resta perguntar: "O que tem nesse chá?".


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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alice no País das Maravilhas (1951) - A Foca e o Carpinteiro

O Clube do Filme homenageia, essa semana, a animação sexagenária Alice no Pais das Maravilhas. A versão de 1951 de Walt Disney para o clássico de Lewis Carroll tem um lugar especial em minha memória afetiva. A animação consegue captar magistralmente a essência da obra do grande escritor inglês, com uma criatividade impressionante, brincando com os desenhos, assim como Carroll brincava com as palavras. O filme, que é a combinação dos livros "Alice no País das Maravilhas" e "Alice no País do espelho", demorou mais de dez anos para ser concluído e, apesar de não ter sido um sucesso de bilheteria, foi visto, quase instantaneamente, como um filme cult. Divertido, inventivo, recheado de ótimas canções, deliciosamente insano e por, vezes assustador, o filme permanece sendo a melhor referência cinematográfica para a obra de Carroll (que me perdoe Tim Burton). Vale ainda destacar a belíssima dublagem em português!

A Cena do Dia corresponde à fábula da Foca e do Carpinteiro (ou a História das Ostras Furiosas). A história é contada, ou melhor, cantada, por dois gêmeos bizarros que atravessam o caminho de Alice. Eles se chamam Tweedledum e Tweedledee (ambos retirados de Alice no Pais do Espelho). Impressionantemente triste e impiedosa, a fábula veicula uma visão realista e crítica do mundo. 

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Tweedledum e Tweedledee (ou vice-versa)
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Harvey Milk e sua cinebiografia

Título original: Milk
Lançamento: 2008
País: EUA
Direção: Gus Van Sant
Atores: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna.
Duração: 128 min
Gênero: Drama

 Sean Penn e Harvey Milk


Harvey Milk foi o primeiro político assumidamente homossexual a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos. Milk nasceu em 1930 em Nova Iorque e se mudou para São Francisco em 1972, mais especificamente para o distrito Castro, habitado por uma grande comunidade gay. Antes de ser eleito membro do San Francisco Board of Supervisors, em 1977, ele concorreu três vezes ao cargo de supervisor sem obter sucesso. Harvey Milk ficou conhecido por sua luta pelos direitos LGBT e é considerado o mais importante e influente político gay eleito nos Estados Unidos. Ele foi assassinado em 1978, após 11 meses de trabalho, por um ex-colega, Dan White. 

White manifestava oposição a diversos posicionamentos de Milk e de outros colegas. Após abandonar o cargo de supervisor, Dan White passou a querer recuperá-lo. Após a recusa do prefeito Moscone, ele cometeu um duplo assassinato à queima roupa. O prefeito e Milk foram encontrados mortos em seus gabinetes. O último se tornou um “mártir da causa gay” e White o homem mais odiado de São Francisco. Após um julgamento controverso, o executor foi indiciado a  apenas cinco anos de prisão. Após dois anos preso, ele foi libertado e cometeu suicídio. 

Milk – A voz da igualdade retrata a vida de Milk (Sean Penn) a partir dos 40 anos, momento em que ele assume sua homossexualidade e se muda para o distrito Castro com seu namorado, o jovem Scott Smith (James Franco). Juntos, eles abrem uma loja na famosa Rua Castro, que se tornaria o grande palco da luta pelos direitos gays em São Francisco. Logo, Milk viraria líder da comunidade, decidindo concorrer ao posto de “supervisor” do Estado (que equivale ao cargo de vereador no Brasil). Após três tentativas, ele é eleito. 

Gus Van Sant optou por iniciar seu longa com imagens de arquivo referentes ao assassinato de Harvey Milk e do prefeito Moscone. Essa, no entanto, não é a única vez que o diretor opta por utilizar imagens reais durante o filme. Ele faz, inteligentemente, uso deste artifício ao mostrar Anita Bryant, uma personagem importante da trama, apenas em imagens recuperadas, transformando-a em uma figura ainda mais temível.  O uso de cenas de arquivo aproxima o filme de um documentário e é essencial para o tom de realismo trágico que Sant deseja transmitir. Tais imagens provocam um impacto ainda maior para o espectador, por lembrar-nos incisivamente que a história realmente aconteceu. A partir da revelação das mortes, segue-se um longo flashback que mostra a trajetória de Milk até o momento do assassinato.

O talentoso Sean Penn presenteia o espectador com mais uma de suas memoráveis performances. Ele nos faz esquecer completamente seus trabalhos anteriores. Sua composição para o personagem é extremamente rica, sutil e convincente. Sem apelar para o estereótipo ou para o exagero, Penn constrói um personagem cativante, cujos trejeitos são naturais e espontâneos. Ele modifica até mesmo a forma de falar, com um tom de voz levemente anasalado. O ator ganhou seu segundo Oscar por esta atuação em Milk. Josh Brolin, que interpreta Dan White, consegue passar toda a complexidade de seu personagem, numa atuação que foge do estereótipo do vilão. Ele constrói um antagonista humano, inseguro e, de certa forma, patético. Além de Penn e Brolin, o filme ainda conta com ótimas participações de James Franco, Diego Luna e Emile Hirsh.

Gus Van Sant já provou seu talento em filmes como Elefante (2003), Últimos Dias (2005), Gênio Indomável (1997) e Um sonho sem imites (1995). Milk – A voz da igualdade já pode ser considerada uma de suas melhores obras. O longa de 2008 não é somente um ótimo drama biográfico, mas também uma obra relevante que denuncia um tipo de intolerância e discriminação que, infelizmente, ainda existe. Além disso, é uma grande homenagem a importante ativista gay, que foi também um exemplo de perseverança e coragem. 

 Assista ao trailer:




quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Missão: Madrinha de casamento - 2011

Título original: Bridesmaids
Lançamento: 2011
País: Estados Unidos
Direção: Paul Feig
Atores: Kristen Wiig, Maya Rudolph, Terry Crews, Matt Lucas, Melissa McCarthy.
Duração: 125 min
Gênero: Comédia

Cartaz de Missão: madrinha de casamento, uma das comédias mais vistas nos EUA em 2011

O programa televisivo Saturday Night Live lançou ao estrelato ótimos comediantes que se tornaram também estrelas do cinema.  O programa conta com mais de 30 anos de existência e é responsável pela constante renovação do humor nos EUA. Estrelas como Will Ferrell, Mike Myers, Chevy Chase, Dan Aykroyd, entre outros, surgiram no Saturday Night Live. A última década do show nos presenteou com quatro das melhores comediantes americanas da atualidade: Tina Fey, Amy Poehler, Kristen Wiig e Maya Rudolph. As duas últimas estrelam a comédia Missão: Madrinha de casamento, do diretor Paul Feig, que tem no currículo a comédia Ligeiramente grávidos (2007). 

O filme conta a história de Annie (Kristen Wiig) uma divertida "quarentona" que atravessa uma má fase: seu projeto profissional fracassou e sua vida amorosa caiu em ruínas. A moça, que passou a trabalhar como atendente de loja, foi escolhida para ser a "primeira" madrinha de sua melhor amiga, Lilian (Maya Rudolph). Ela não esperava, no entanto, ter uma concorrência pesada pelo posto. A rival de Annie, Helen (Rose Byrne), é linda, elegante, rica e faz de tudo para ocupar o lugar da protagonista  tanto na vida de Lilian, quanto nos preparativos da cerimônia. Em meio às crises pré-casamento e outros problemas, as coisas vão ficando cada vez mais complicadas para Annie.

Apesar de escrita por 2 mulheres (Kristen Wiig e Annie Mumolo), ter 80% do seu elenco formado também por mulheres e focalizar o mundo feminino,  a comédia é capaz de atingir o publico masculino que também dará boas risadas. Isso porque o roteiro acerta em cheio ao mostrar, de forma bem-humorada, situações ridículas pelas quais qualquer pessoa pode passar e sentimentos que todo mundo experimenta pelo menos uma vez na vida. Assim, é fácil de se identificar com Annie, por exemplo, quando ela se sente desconfortável ao ver a melhor amiga falando carinhosamente ao telefone com o noivo. E não é de se espantar este desconforto, já que a protagonista atravessa um momento oposto ao da noiva e, por mais que ela esteja feliz pela amiga, o sucesso alheio lhe faz lembrar seu próprio fracasso. É inevitável não se ver no lugar da personagem, em outras situações, como quando, morrendo de ciúmes de Lilian, ela não consegue disfarçar seu desprezo por Helen, já no primeiro encontro. 

Com um olhar inteligente e bem-humorado sobre a vida moderna, o longa aborda importantes questões: o que é necessário para que uma pessoa se sinta realizada?  E o que fazer quando nada parece dar certo? Mas, Missão: madrinha de casamento consegue ser divertido não apenas por sua capacidade de fazer humor com preocupações e problemas da vida real, mas também graças a sua carismática e desastrada protagonista. É impossível não sentir compaixão e simpatia pela personagem que atravessa uma verdadeira via crucis durante todo o filme, bem de acordo com a filosofia "o que está ruim, pode piorar". Logo no início da trama, por exemplo, a moça tem que ouvir a seguinte frase de um "ficante", após uma tórrida noite de amor: "Eu realmente quero que você vá embora, mas eu não sei como te pedir isso sem parecer um idiota". Com um carisma que muito lembra o de suas ex-colegas Tina Fey e Amy Poehler e um timing cômico delicioso, Kristen Wiig faz de Annie a maior atração do filme.

Falando de atuação, deve-se enfatizar que a comédia se destaca, sobretudo, pela qualidade de seu elenco. Além do desempenho formidável de Wiig, temos ótimas participações de Maya Rudolph, Wendi McLendon-Covey e Chris O'Dowd. Rose Byrne constrói uma antagonista à altura de Wiig e se sai extremamente bem, interpretando uma personagem que amamos odiar. Uma grata e deliciosa surpresa é Melissa McCarthy, que interpreta Megan, uma das personagens mais divertidas do longa. Melissa acabou de ganhar o prêmio de Melhor Atriz no Emmy, pela série Mike e Molly.

Apesar de desapontar um pouco na parte final, Missão: madrinha de casamento é uma comédia divertida,  atual e com excelentes tiradas. A fórmula pode até parecer, em alguns momentos, repetitiva ou previsível, mas o longa consegue superar várias outras comédias atuais por ser efetivamente engraçado, sem soar completamente imbecilizante ou apelativo. O filme tem estreia prevista no Brasil  para amanhã, 23 de setembro. Cheque nos cinemas de sua cidade!

Assista ao trailer:


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cena do Dia - E o vento levou... (1939)

Para comemorar o dia do meu aniversário, escolhi um dos meus filmes favoritos. Trata-se  do clássico produzido pelo genial David O. Selznick e baseado no best-seller de Margareth Mitchell: E o vento levou. O longa de quase quatro horas de duração, já apareceu nessa seção. A cena de hoje é uma das mais eloquentes do épico e marca o fim da primeira parte do filme. Nela, a (anti)heroína Scarlett O'Hara (vivida pela fenomenal Vivien Leigh) jura que nunca mais passará fome, nem que para isso tenha que cometer os mais abomináveis crimes. E não é que a moça comete todos que cita? Ela rouba, mente, trai e até mata. A sequência é engrandecida pela fotografia magistral de Ernest Haller, pelo design de produção de William Cameron Menzies (um dos grandes "autores" do filme) e pela trilha sonora densa e inesquecível de Max Steiner. Relembre esta cena e aprecie um dos momentos mais mágicos do cinema. 


I'LL NEVER BE HUNGRY AGAIN!!!










 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cena do Dia - Elvira, a Rainha das Trevas (1988)

Elvira, a Rainha das Trevas (1988) é um clássico trash. O filme conta a história de uma bruxa sedutora que se muda para uma cidadezinha super conservadora da Nova Inglaterra, onde escandaliza os moradores locais com seus hábitos extravagantes e provoca muitas confusões. A Cena do Dia é antológica e dispensa comentários. Basta dizer que Cassandra Peterson mostra provavelmente seu maior dote artístico e fecha o longa com chave-de-ouro.

Clique aqui e assista à cena. (Para quem não sabe exatamente o que é ser trash, eis a melhor definição)


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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Erin Brockovich e sua cinebiografia

Título original: Erin Brockovich
Lançamento: 2000
País: EUA
Direção: Steven Soderbergh
Atores: Julia Roberts, Albert Finney, Aaron Eckhart, Marg Helgenberger.
Duração: 145 min
Gênero: Drama

Erin Brockovich: a original

Erin Brockovich nasceu em 22 de junho de 1960, na cidade de Lawrence (Kansas) no centro-oeste dos Estados Unidos. Ex-miss Pacific Coast, Erin ganhou notoriedade pela sua preciosa contribuição no processo contra a poderosa companhia americana de gás e eletricidade, a PG&E, em 1993. Um importante detalhe é que Erin não tinha nenhuma formação em Direito na época. Atualmente, ela é a presidente da firma de consultoria Brockovich Research & Consulting. Ela também trabalha como consultora na Girardi & Keese, Weitz & Luxenberg e na Shine Lawyers. A também ativista ambiental já apresentou os programas Challenge America with Erin Brockovich e Final Justice na televisão americana.

O filme Erin Brockovich – Uma mulher de talento foi dirigido por Steven Soderbergh, que tem no currículo Sexo, mentira e videotapes (1989), Traffic (2000) e Onze homens e um segredo (2001). Baseado no famoso processo contra a PG&E, o filme conta a história de uma mulher comum, Erin, que, após perder um processo envolvendo uma batida de carro, acaba indo trabalhar com o advogado que a defendeu, Ed Masry (Albert Finney). Trabalhando na firma de advocacia, ela descobre documentos médicos arquivados que levavam à suspeita de uma contaminação dos lençóis freáticos de um lugarejo dos Estados Unidos, chamado Hinkley. Com a permissão de Marsry, ela se dedica à investigação, angariando provas contra a companhia PG&E.

O roteiro de Susannah Grant cria uma narrativa que consegue ser eletrizante, divertida e, em muitos momentos, emocionante, contando ainda com diálogos afiados.  Ainda que aqui e ali, o filme faça uso artifícios clichês, como a heroicização da personagem e previsíveis conflitos amorosos, ele se destaca por ser extremamente envolvente. O filme foi indicado a cinco Oscar’s: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator Coadjuvante (Albert Finney) e Melhor Atriz (Julia Roberts). Apenas Roberts saiu vitoriosa.

Julia Roberts é a alma do filme. Ela tem uma das melhores atuações da sua carreira, interpretando uma personagem verborrágica, vulgar, sedutora e inteligente. Roberts está excelente ao interpretar uma mulher comum, tão distante do glamour associado à estrela na vida real. O filme de Soderbergh parece ser feito para fazer a atriz brilhar. Ao lado de Roberts, o grande Albert Finney faz um ótimo trabalho, demonstrando uma ótima química com a atriz. O filme ainda conta com a ótima participação de Marg Helgenberger e um carismático Aaron Eckhart.

Erin Brockovich – Uma mulher de talento é um excelente drama biográfico e uma ótima oportunidade de conhecer a história de uma mulher comum que conseguiu se tornar uma heroína nacional, além de uma profissional de sucesso, ao fazer a coisa certa: ajudar as pessoas.

Julia Roberts como Erin 



Cena do Dia - Adeus, amor (1963)

Adeus, Amor (Bye Bye Birdie) foi um dos musicais mais famosos e adorados dos anos 60. Estrelado por Ann-Margret e baseado no show homônimo da Broadway, o filme conta a história de Conrad Birdie, uma estrela do rock que, após ser recrutado pelo exército, planeja uma despedida do show business em alto estilo. Um concurso é realizado para que uma garota possa dar um beijo de adeus no super star, em rede nacional. A ganhadora é a jovem Kim McAfee (Ann-Margret) que já tinha um namorado. O filme é um delicioso show, com ótimos números musicais e é, de certa forma, a celebração da adolescência. A Cena do Dia é clássica: Kim fala para a amiga Úrsula que seu namoradinho deu um broche para ela (tradição da época que significa que os dois começaram um relacionamento sério). Úrsula espalha a notícia e logo vemos, através de várias divisões da tela, a notícia se espalhar vertiginosamente. 



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cena do Dia - A pequena sereia (1989)

A pequena sereia é um clássico da Disney baseado no conto homônimo de Hans Christian Andersen. O filme conta com a linda trilha sonora de Alan Menken e com canções inesquecíveis, como "Under the Sea" e "Kiss the girl". A Cena do Dia é a importante e dramática sequência em que a sereia Ariel faz o pacto com Úrsula, a bruxa-polvo, para se tornar humana e assim poder conquistar o Príncipe. Como pagamento, Ariel deve dar sua voz à malvada. A cena é um show de Úrsula, uma das vilãs mais divertidas da Disney. A voluptuosa e sedutora bruxa foi dublada em português pela atriz e cantora Zezé Motta, cuja bela voz grave se encaixa como uma luva à personagem. Momento-chave do filme, a cena ainda mostra a metamorfose de Ariel, seguida pela sua linda emersão, extremamente sensual.  



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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Melhores vilões do cinema – Parte I

1 – Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), em O Silêncio dos Inocentes (1991)


Canibal e sedutor.


2 – Norman Bates (Anthony Perkins), em Psicose (1960)
Matou a protagonista antes da metade do filme, se veste de mulher e apresenta sérios problemas psicológicos...

 
3 – Nurse Ratched (Louise Fletcher), em Um estranho no ninho (1975)
Fria e detestável.


4 – Alex Forrest (Glenn Close), em Atração Fatal (1987)


Ligeiramente obsessiva e matou um coelhinho!!!



5 – Annie Wilkes (Kathy Bates), em Louca obsessão (1990)


Prova de que nem sempre é bom ter uma fã. 



6 – Mrs. Danvers (Judith Anderson), em Rebecca – A mulher inesquecível (1940)

Sorrateira e maléfica.

 
7 – Regina Giddens (Bette Davis), em Pérfida (1941)
Ambiciosa e, obviamente, pérfida!

8 – A Rainha (voz de Lucille La Verne), em Branca de Neve e os sete anões (1937)

Linda, mas um pouco competitiva demais.  



9 – Mr. Potter (Lionel Barrymore), em A felicidade não se compra (1946)


Ambicioso e sem coração. 



10 – Coringa (Heath Ledger), em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008)

Gosta de pôr um sorriso no rosto das pessoas... com uma faca!


 Preparado para a Parte 2?



Cena do Dia - Quem tem medo de Virgínia Woolf? (1966)

Quem tem medo de Virgínia Woolf? é uma poderosa obra-prima baseada na peça teatral de Edward Albee e transposta para cinema pelo então estreante, Mike Nichols. O filme concorreu a 13 Oscar's, tendo levado cinco: Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Figurino. O filme é um verdadeiro estudo de como uma relação amorosa pode se transformar em um pesadelo devido ao acúmulo de mágoas, frustrações, humilhações e raiva. Os diálogos cortantes, a verborragia, as poderosas performances e a maravilhosa fotografia são marcas absolutas deste clássico. A Cena do Dia é uma das mais famosas do longa e mostra o momento em que George (Richard Burton) prepara uma surpresa para sua esposa Martha (Elizabeth Taylor). A cena é assustadora. A voz off de Taylor, a sinistra trilha sonora, os closes, o rápido zoom no rosto de Sandy Dennis e o grito da atriz fazem desta cena um momento inesquecível do cinema.


Assista à cena



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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cena do Dia - A bela adormecida (1959)

O final de A bela adormecida é um dos momentos mais românticos e mágicos do cinema. A história todo mundo conhece. A bruxa Malévola lança um fetiço sobre uma bela princesa: Quando Aurora completar 16 anos, ela espetará o dedo no fuso de uma roca e cairá em um sono eterno. Somente um beijo de amor poderá despertá-la. O filme da Disney termina com a dança da princesa Aurora e do príncipe Philip. As fadas protetoras de Aurora (Fauna, Flora e Primavera), não entrando em acordo em relação à cor do vestido da princesa, fazem com que o vestido mude de cor durante a valsa. Ao final temos a transição do salão para às nuvens e das nuvens para o livro. O belo final deste conto de fadas é a nossa Cena do Dia.

Assista à cena


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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cena do Dia - Herói (2002)

Herói de Yimou Zhang conta a história de um homem que afirma ter matado os três assassinos mais perigosos da China Antiga (pré-unificação). O longa chinês, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é dotado de uma plasticidade maravilhosa. O espetacular uso das cores e a belíssima coreografia das lutas podem ser verificadas na Cena do Dia, que mostra o confronto entre Neve que Voa (Maggie Cheung) e Lua (Ziyi Zhang) por entre as folhas de outono. Delicie-se com a beleza da fotografia, o lirismo e a dramaticidade da cena:


  


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Edith Piaf e sua cinebiografia (Piaf - Um hino ao amor)

Título original: La Môme
Lançamento: 2007
País: França, República Tcheca, Inglaterra
Direção: Olivier Dahan
Atores: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner.
Duração: 140 min
Gênero: Biografia/ Drama



Edith Piaf, ou Edith Giovanna Gassion, nasceu em 19 de dezembro de 1915, em Belleville, quartier popular de Paris. Sua mãe cantava em cafés e seu pai, ex-ator de teatro, era acrobata de rua. A pequena Edith foi abandonada pelos pais ainda bebê, ficando por 18 meses na casa da avó, em um ambiente de extrema insalubridade. Depois da temporada com a avó, a criança foi deixada pelo pai em um prostíbulo onde a mãe trabalhava. Aos três anos, Edith ficou cega devido a uma doença chamada queratite. Ela recuperou a visão aos sete anos. Após retornar da Primeira Guerra Mundial, o pai buscou a menina e a levou para viver com ele. Eles passaram a se apresentar em circos itinerantes e em ruas de toda a França. Aos 18 anos, Piaf teve uma filha que faleceu, aos dois anos, de meningite. 

A partir dos 14 anos, Edith começou a cantar nas ruas. Ela recebeu o apelido de “la môme Piaf” (“pardalzinho”, em francês coloquial) aos 20 anos por Louis Leplée, seu primeiro mentor, dono do cabaret Le Gerny's. Ele a descobriu cantando na rua. A partir de então, o sucesso de Piaf foi meteórico. Ela se tornou a cantora francesa mais famosa dentro e fora da França. No final, dos anos 40, ela fez uma temporada de shows nos Estados Unidos, onde conheceu Marcel Cerdan, famoso pugilista, por quem se apaixonou perdidamente. Ele morreu em um acidente de avião em 1949, deixando-a completamente arrasada.  Piaf tinha poliartrite aguda e tornou-se dependente de morfina. Ela morreu aos 47 anos, em 1963, devido aos excessos, à dependência química e ao sofrimento. 

O drama Piaf - Um hino ao amor relata os principais acontecimentos da vida da cantora. Este é o filme mais conhecido de Olivier Dahan, que também assinou o roteiro do filme, junto com Isabelle Sobelman. O cineasta francês de 44 anos optou por não adotar uma cronologia convencional, realizando vários saltos no tempo. Essa estrutura adotada pelo diretor talvez seja o único ponto fraco do filme, já que ela confere à narrativa um tom confuso e, por vezes, caótico. Assim, algumas questões vêem, eventualmente, à mente do espectador: “Isso aconteceu quando exatamente na vida da protagonista?” ou “Passaram-se meses, dias ou anos?” O filme também deixa algumas pontas soltas com relação a alguns personagens importantes, como Simone (Sylvie Testud) e Louis Léplée (Gérard Depardieu). 

As qualidades do longa parecem, no entanto, superar suas falhas. A bela fotografia de Tetsuo Nagata pontua muito bem, através das cores, as fases da vida da protagonista. Nagata adota tons frios no início e no fim da vida da cantora e tons quentes e cores vibrantes no auge de seu sucesso. O trabalho de maquiagem também é fantástico, conseguindo transformar a bela atriz Marion Cotillard em várias Piaf’s: a jovem e pobre; a bela e rica; e a doente e decadente. E o que dizer da deliciosa trilha sonora, recheada de músicas de Piaf, assim como de outras famosas canções francesas? A direção de Dahan também nos presenteia com belos momentos. O mais bonito deles é o plano sequência que mostra a protagonista descobrindo a morte do amante, Marcel. A sequência termina com uma bela transição para o palco, linda metáfora da superação da dor através da arte. 

Marion Cotillard é o grande trunfo do filme. A performance da atriz é, sem dúvida, uma das melhores e mais impactantes da última década. Sua composição é extremamente minuciosa. Ela parece, por exemplo, se diminuir para ficar com os 1.42m de Piaf. Impressiona também o fato da atriz retratar tão bem as diversas fases da vida de Edith Piaf: a insegurança da juventude, a confiança que veio do sucesso, o efeito das perdas, a dependência química e todos os altos e baixos da vida da cantora. 

Piaf – Um hino ao amor ganhou o Oscar de Melhor Atriz e Melhor Maquiagem. O filme francês é um impactante drama biográfico, essencial para quem admira a inigualável cantora francesa, mas também para quem quer ver uma bela produção, com uma atuação inesquecível de sua protagonista. 

Assista ao trailer:


Cena do dia - Elizabeth: A Era de Ouro (2007)

Elizabeth: A Era de Ouro não chega aos pés do seu antecessor Elizabeth (1998), mas tem uma cena que merece ser lembrada. No filme de 2007, a Rainha Elizabeth tem que lidar com múltiplas crises, um complô de assassinato, o exército espanhol e ainda problemas amorosos. A Cena do Dia mostra o momento em que um representante da coroa espanhola, Don Guerau De Spes, insulta e desafia Elizabeth. Mas ela não deixa barato, respondendo energicamente com as melhores falas do filme. Essa cena valeu a indicação ao Oscar para a grande Cate Blanchett.

Leia:

Go back to your rathole! Tell Philip I fear neither him, nor his priests, nor his armies. Tell him if he wants to shake his little fist at us, we're ready to give him such a bite he'll wish he'd kept his hands in his pockets!

Volte ao seu buraco de rato! Diga a Philip que eu não temo nem ele, nem seus padres, nem seus exércitos. Diga a ele que se ele quiser balançar o seu pulsinho contra nós, estamos prontos para dar uma mordida tão grande que ele vai desejar ter mantido as mãos no bolso!

I, too, can command the wind, sir! I have a hurricane in me that will strip Spain bare when you dare to try me!

Eu também posso comandar o vento, sir! Eu tenho um furacão em mim que vai destruir a Espanha quando vocês ousarem me testar!

Assista à cena:






quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cena do Dia - Uma rua chamada pecado (1951)

Uma rua chamada pecado é um grande clássico do cinema, dirigido por Elia Kazan e estrelado pelo jovem Marlon Brando e a maravilhosa Vivien Leigh. O filme é uma adaptação da peça premiada de Tennessee Williams, “Um bonde chamado desejo”. O filme aparecerá muitas vezes na Cena do Dia, já que é um dos meus favoritos. A cena escolhida de hoje é aquela em que os protagonistas Blanche e Stanley se conhecem. Observe que Blanche o espia entrando na casa, como um animal amedrontado e, logo após, o choque dos dois quando finalmente seus olhares se cruzam. Este primeiro encontro é carregado de um clima sensual e podemos suspeitar que, desde o primeiro encontro, exista algum tipo de atração entre os dois. O sex appeal de Brando, seus modos rudes e a naturalidade de sua atuação são inesquecíveis.

Assista à cena:




terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cena do Dia - Um estranho no ninho (1975)

A obra-prima de Milos Forman, Um estranho no ninho, conta a história de R.P. McMurphy (Jack Nicholson), um malandro que se faz de louco para escapar do trabalho na prisão, mas que acaba passando por maus bocados em um hospital psiquiátrico. No manicômio, o protagonista se rebela contra o tratamento recebido por ele e pelos outros internos, sobretudo, contra a déspota enfermeira Ratched (Louise Fletcher). O filme ganhou 5 Oscar’s: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro. A Cena do Dia mostra o momento em que McMurphy começa a simular estar assistindo um jogo na televisão, atraindo a atenção dos outros internos que acabam compartilhando desta ilusão. Eles haviam sido proibidos de assistir a final da World Series e o uso da imaginação foi a maneira que McMurphy encontrou para driblar o autoritarismo da enfermeira Ratched.

Assista à cena (até 1min 27): 


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cena do Dia - Kill Bill vol. 2

Kill Bill vol. 1 já foi citado algumas vezes na Cena do Dia. Já era a hora de Kill Bill vol. 2 aparecer por aqui. Nesta continuação, a Noiva vai atrás dos três últimos inimigos que ela pretende matar: Budd, Elle e Bill. A Cena do Dia mostra o aguardado confronto entre a Noiva (Uma Thurman) e Elle (Daryl Hannah). O embate das musas é super violento, com direito a vôos, golpes marciais, tentativa de afogamento no vaso, olho arrancado e uma quebradeira total do trailer. E as duas atrizes se superam, ambas com performances fenomenais! Tarantino não alivia em nada e faz uma das sequências de luta mais longas e violentas do cinema. Destaque para a ótima frase de efeito pronunciada pela Noiva: “Bitch, you don’t have a future!”

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Melancolia (2011)

Título original: Melancholia
Lançamento: 2011
País: Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Suécia 
Direção: Lars von Trier 
Atores: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling. 
Duração: 130 min 
Gênero: Drama/Ficção Científica




Lars Von Trier é conhecido por ser um dos cineastas mais pessimistas do cinema contemporâneo. Sua falta de fé na humanidade, ou melhor, sua consciência de que o ser humano é capaz das maiores atrocidades por motivos torpes ou obscuros se faz presente em boa parte de sua filmografia. Dito isso, Melancolia é o filme menos cruel do diretor. Apesar de narrar uma situação extrema, o fim do mundo, o diretor parece adotar um olhar mais complacente com o ser humano.

Melancolia
é dividido em duas partes, cada uma com o nome de uma das protagonistas: Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg). A primeira parte focaliza a festa de casamento de Justine, já a segunda, mostra a aproximação do planeta Melancholia que, ao que tudo indica, se chocará com a Terra. Assim como ocorreu em seu penúltimo filme, Lars Von Trier opta por iniciar sua narrativa com um prólogo que mostra imagens extremamente líricas em câmera lentíssima.

Dotados de uma plasticidade maravilhosa, esses planos iniciais se assemelham a pinturas e são carregados de simbologias.  Assim, os planos que mostram as raízes que prendem Justine ao solo e a mesma boiando em um rio (como a louca Ofélia de Hamlet), vestida de noiva, indicam a dificuldade da personagem em se entregar a uma nova etapa de sua vida, assim como sua resistência ao casamento. Impressiona também a fisionomia de Kirsten Dunst, impassível e obviamente melancólica. Coincidentemente, o prólogo de Melancolia carrega certa semelhança com a longa sequência que aborda a natureza, em A árvore da vida (2011).

Filmado em uma linda região da Suécia, o longa se passa basicamente em um belo e gigantesco château onde moram Claire, o marido e o filho. Na primeira parte do filme, vemos uma exuberante festa de casamento se transformar gradualmente em um pesadelo. Justine nos é apresentada como uma figura doce e feliz e, pouco a pouco, vemos essa máscara de felicidade desaparecer e sua personalidade depressiva vir à tona. Durante a festa, torna-se claro que Justine faz parte de uma família disfuncional, com um pai ausente e mulherengo, uma mãe amarga e uma irmã superprotetora. A personalidade melancólica de Justine revela ser um problema para família já que todos têm dificuldade de lidar com a mesma e insistem em perguntar se ela está feliz.

A segunda parte, ainda mais dramática, focaliza o medo e o desespero de Claire com a aproximação do planeta Melancholia e a possibilidade da colisão com a Terra. O tema do fim do mundo já foi tratado algumas vezes no cinema, mas provavelmente nunca de maneira tão dolorosamente realista. Assim, vemos a impotência do homem perante o incontrolável, a dor que vem do medo, a passagem lenta do tempo e a expectativa da morte. Além de ter que lidar com o próprio medo, Claire deve lidar com a prostração de Justine. É interessante observar, no entanto, que pouco a pouco esta se torna mais forte, como se toda sua melancolia fizesse finalmente sentido com a aproximação do fim do mundo.

Além de uma bela fotografia devidamente sombria e da maravilhosa trilha sonora, Melancolia é engrandecido com ótimas performances. Kirsten Dust tem seu melhor desempenho no cinema. Ela consegue comunicar a tristeza e dor de sua personagem apenas com o olhar. A talentosa Charlotte Gainsbourg também está excelente, repetindo a boa parceria com Lars Von Trier, com quem fez também Anticristo (2009). Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling, John Hurt, Alexander Skarsgård e Stellan Skarsgård tem ótimas participações.

Melancolia
é mais uma grande obra de um dos cineastas mais controversos e interessantes da atualidade. Apesar de não ser tão intenso quanto Ondas do Destino (1996), tão violento quanto Dogville (2003) e tão ultrajante como Dançando no Escuro (2000), o novo filme de Lars Von Trier é uma fábula maravilhosa sobre a melancolia.


Assista ao trailer:

Cena do Dia - Elizabeth (1998)


Elizabeth, drama biográfico que mostra os primeiros anos de reinado da Rainha Elizabeth I, foi dirigido por Shekhar Kapur e lançou ao estrelato a atriz australiana Cate Blanchett. O longa concorreu a 7 Oscar’s e Cate Blanchett perdeu injustamente sua estatueta para Gwyneth Paltrow (por Shakespeare Apaixonado)Cena do Dia mostra a dança entre a rainha e seu amante e, logo após, o momento em que Elizabeth (Cate Blanchett) deixa claro a Robert (Joseph Fiennes) que ela não será submissa a ele. Nessa cena, podemos ver os sentimentos conflitantes da personagem que ama e sente ciúmes de Robert, mas que não pode permitir que nenhum homem pense que a possui. A cena termina com chave-de-ouro quando a rainha afirma para quem quiser ouvir: “Eu terei um amante aqui, mas nenhum mestre!”

Assista à cena: